quarta-feira, janeiro 17, 2007

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Mais adições ao dicionário...

Absedo
Caborca [ou caborco] ; Caguinchas
Pacência ; Paroubeia ; Pegulho
(com a devida vénia à Porca da Vila)

***
Arremedar
Caibros ; Correia
Esbarrar ; Escarrapiçar ; Espinçar
Mocho
Pacer ; Pateiro ; Peto ; Perseguida
Toar

... e às expressões idiomáticas:

Chorar por o caldo d’onte à noute!
Fazer bo (nova acepção, também da lavra da Porca da Vila)
Ponta da natureza

11 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Cara Maria de Fátima Stocker: fiquei agradado com a sua “presença” no VILA FLOR em Flor. Nem precisa de pedir, em relação às expressões, pois como pessoa interessadíssima é para mim um total prazer.

A minha mulher diz-me que a sua bisavó Sara – é por isso que a minha filha se chama Especiosa Sara, sendo o primeiro nome, o da minha avó paterna –, dizia, portanto, que a bisavó Sara usava lá em casa o termo “almotolia”, que lhe ficou na memória.

Há cerca de 10 anos ou mais que a Maria de Fátima, a minha mulher, anda a recolher estes termos regionais, nem ela sabia inicialmente bem para quê. Felizmente, digo eu.

9:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ainda bem, secundo eu! Obrigada pela gentileza: acrescentarei, então, algumas das palavras, de que lhe darei a devida conta.

Especiosa? Que nome bonito e terno! É a segunda pessoa que "conheço" a chamar-se assim.

Um abraço

10:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Especiosa é nome usual no ramo Monteiro da nossa família: a minha falecida avó paterna, uma prima em segundo grau em Coura, uma prima no Brasil, uma prima em Braga, a minha filha (por ordem de antiguidade).

Para lhe colocar o nome, precisei de uma longa luta com a Direcção-Geral, pois na altura não constava da antroponímia portuguesa, donde fora retirada numa actualização feita em 1977. Voltou a ser reintroduzida na listagem nacional em 1987, após a minha petição.

Tenho pelo nome uma profunda e sentida ternura, mas também a minha filha nutre uma singular empatia, porquanto não aceita que lhe chamem somente Sara. E a minha filha bem merece tal sentimento, porquanto é excelente filha, extraordinária aluna universitária, pessoa empenhada e humana.

Especiosa é igualmente um topónimo, cujo único exemplo que conheço, é duma aldeia em Trás-os-Montes, no concelho de Miranda do Douro, e donde é natural uma pintura, que por sinal o último apelido é também Alves.

Até breve.

11:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cara MPS:

A sua explicação foi vital para melhor percepção do seu blogue, pois muitas vezes vim cá e fiquei “quase sempre” com a ideia – vejo agora, errónea -, que estava parado.

Como diz, os blogues não serão as soluções ideais para este tipo de textos, e sinto o mesmo, por exemplo, no meu blogue HERÁLDICA DE COURA. Hoje já tenho uns conhecimentos sobre informática, mas quando há dois anos iniciei esta “aventura”, eram escassos e foi a solução que me pareceu mais fácil.

Assim, vou passar a explorar o índice alfabético, a começar pela letra P, para ver qual o sentido de pateiro (no Minho, taberneiro de vinhos e petiscos), e de pegulho (no Minho, miúdo falador, que diz muitos palavrões – mas no Minho quem é que não diz “muitos palavrões”?!. Até breve.

5:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Palavrões, em Trás-os Montes, dizem-se ao ritmo da respiração. Mas são bordões da linguagem que não ofendem ninguém; antes, fazem rir. Pelos vistos, assim é também no Minho. No sul não: o palavrão é textual, ofensivo. Só aqui me custa ouvi-los!

O significado de pateiro e pegulho, verá, são diferentes (pateiro, muito próximo da explicação que sua esposa lhe deu).

Sobre a letra "P", o Jofre nem imagina quanto tempo andei a cismar com uma palavra que, alfabeticamente, fosse anterior a 'pacho...' porque a primeira entrada era uma valente alarvada! Agora já está em terceiro, porque me lembrei eu de uma e a Porca da Vila fez o favor de me indicar outra!

Um abraço

7:22 da tarde  
Blogger MPS said...

Quanta gentileza, Porca da Vila! E o que vale haver mais do que uma cabeça a pensar!

Da lista só desconhecia a acepção de 'poldra': tinha já introduzido 'espoldrar' mas significando 'esmamonar', podar'.

Obrigada, pois! O Brègancês fica, assim, muito mais rico, porque deixa de se reduzir à meia dúzia de aldeias que eu conheço.

Um abraço

5:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cara MPS: No “Modos de Linguarejar”, mais três “artigos”, desta feita com vocábulos da letra B. Um resto de bom fim-de-semana para si.

8:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Nem sei como agradecer-lhe, Porca da Vila!

****

Obrigada pela deixa, Jofre!

9:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Cara MPS: não me lembro já qual dos meus mestres (José Pedro Machado?), me disse, e ensinou, que havia no Norte de Portugal dois dialectos distintos, com base nas suas características fonéticas, que cito de memória:

A – dialecto alto-minhoto e transmontano, que abrange os distritos de Viana do Castelo, Vila Real e Bragança, a zona de Basto (na transição dos distritos de Braga e transmontanos), e a zona de Figueira de Castelo Rodrigo;

B – dialecto baixo-minhoto, duriense e beirão, com os distritos de Braga, Porto, a Beira Alta e a parte setentrional da Beira Baixa, até Monsanto.

Por isso as características do falar dessa zona são, entre outras, a desnasalação das nasais finais átonas e a prolação dos VV. No falar minhoto – e transmontano, também –, não existe o fonema V, lábio-dental constritivo, que é sempre substituído por B, fonema oclusivo bilabial, por regra.

Por que razão tal sucedeu? O fenómeno é deveras antigo, porquanto já surge no português arcaico. Não é caso especifico do nosso povo, pois tal sucede também numa mancha geográfica que vai até ao sudoeste de França, com exclusão, somente, das Baleares, do sul da Catalunha e em Valência, onde permaneceu o V etimológico.

Nas demais línguas hispânicas o V ortográfico pronuncia-se B. Talvez tal dicção nortenha (quase Ibérica), se deva a um prognatismo particular original das raças ibéricas, antes, portanto da conquista romana, e que perdurou.

Desculpe estas estopadas. Obrigado.

12:17 da manhã  
Blogger MPS said...

Qual estopada qual o quê???

Muitíssimo obrigada pela lição porque, para mim, aprender com quem sabe é um grande prazer!

Um abraço, Jofre

10:38 da manhã  
Blogger MPS said...

Porca da Vila

Só me resta repetir-me: muito e muito obrigada!

Já agora: poldra não é, também, o mesmo que potra?

É interessante o fenómeno do localismo: em vez de chaldrar, eu conhecia chaldar com o mesmo significado (num te chalda o caldo?); em vez de escrinho conhecia escrinheiro, mas significando coscuvilheiro. Escatrafilhar é que desconhecia completamente.

ainda não tive tempo de adicionar as sugestões anteriores, mas assim que tiver um bocadinho, lá as porei no sítio delas.

Goze por mim a neve que não deve tardar por aí. Acredita que, de tudo, é dos nevões valentes que sinto mais falta? Ainda vivo, este ano, saboreando o de Fevereiro do ano passado: no cimo da serra, nos lugares abrigados, a neve dava-me pelo meio da coxa. E eu tão feliz!

Um abraço.

10:10 da tarde  

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