terça-feira, fevereiro 05, 2008

No rescaldo do regicídio

Não é para aqui chamada a querela em torno da evocação do regicídio. No entanto, as leituras que fiz a esse popósito, trouxeram-me à memória um jogo de roda dos muitos que a mocidade dançava em dia de Páscoa. Diz assim o texto, que pouco tem de ancestral:

Refrão:
As papoilas encarnadas
A brilhar entre os trigais
São tão lindas delicadas
como as rosas nos rosais.

Viva a alegria
Dançar, dançar
Dançar de roda
Com o seu par.

Quatro com cinco são nove,
Meu amor já sei contar
Engaste-me uma vez
Não me tornas a enganar.

Refrão

Um, dois, três
quatro, cinco, seis,
Sete, oito, nove,
Para doze só faltam três.
Para doze só faltam três,
Ó Micas dá cá um beijo
João Franco foi ao Porto
Só para ver o colégio.
Só para ver o colégio
Das botinhas amarelas
Tem cuidado João Franco
Senão quebro-te as costelas!

Ora aqui está e peço ajuda a quem de boa vontade!

Que João Franco foi ao Porto em Junho de 1907 é verdade - e no regresso a Lisboa foi recebido na estação do Rossio com uma manifestação de republicanos e descontentes liberais monárquicos.

Que a última estrofe do poema é uma ameaça clara a João Franco não há dúvia.

Que essa estrofe foi metida, a talhe de foice, numa cantiga popular também não há dúvida.

Mas...

Que colégio é esse das "botinhas amarelas" no Porto?

A minha gratidão serão as alvíssaras que pagarei a quem puder ajudar-me!

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7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bem que eu gostava de a poder ajudar, mas...nem do autor da poesia se sabe o nome!
De uma coisa estou certo, ali havia gato/a!
A sabedoria popular é como o algodão!
Um abraço
josé manangão

1:12 da manhã  
Blogger MPS said...

José Manangão

Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!Como o algodão? Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!

Um abraço

10:48 da manhã  
Blogger Porca da Vila said...

Será o colégio feminino de Nossa Senhora da Esperança?! [Da Misericórdia do Porto, frente ao Jardim de S. Lázaro, em que a farda das raparigas incluía botas, se bem me lembro, de cor amarela...]

Xi Grande

4:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Visite o meu blogue


www.paredesdecoura.blogs.sapo.pt

11:35 da manhã  
Blogger MPS said...

Caríssima PV

As alvíssaras são para si!
Mas o mistério adensa-se: então ameaça-se o João Franco após uma visita a um colégio feminino?

Um abraço

5:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Durante a sua visita ao Norte, João Franco foi recebido no salão nobre da Academia Politécnica do Porto, a 17 de Junho de 1907, tendo sido aí vaiada, apupado e apedrejado por oposicionistas, conforme narra a ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA.

Mas o pior estava para suceder. Quando regressou a Lisboa, na noite de 18 de Junho, foi recebido e enxovalhado por «gentinha arregimentada nos centros republicanos», conforme nos relata José Relvas nas suas MEMÓRIAS POLÍTICAS, volume I.

Na gare da estação do Rossio estiveram a assistir à monumental assuada diversos altos dirigentes dos partidos republicano e da dissidência de Alpoim. Houve carga de cavalaria e da polícia, e o balanço foi nefasto: dois mortos, 200 presos e 4 cavalos feridos a tiro.

Não tenho agora dados, porquanto cito de memória, mas penso que estas quadras – ou parte delas, como muito bem diz – foram escritas pelo tenente Luís Galhardo para uma revista representada em 1907 no Teatro do Príncipe Real. Nessas eras estava em moda as polainas amarelas.

7:22 da manhã  
Blogger MPS said...

Meu caro Jofre, deixe-me saudar o seu regresso a esta casa que tem ajudado a construir! Seja, pois, muito bem-vindo!

Mais uma vez, o seu contributo é de grande riqueza e préstimo. As voltas que o mundo dá: as quadras revisteiras de Luís Galhardo transformadas em jogo de roda... de Rebordaínhos! Isto só vem atestar a importância e a eficácia da propaganda republicana. E o que é mais irónico, é que as pessoas cantavam e dançavam isto em dia de Páscoa, provavelmente depois de, na missa, terem cantado "Queremos Deus que é nosso rei" e de, quotidianamente, atalharem com "ladrão!" sempre que alguém proferia o nome de Afonso Costa!

Muito e muito obrigada por esta sua achega.

Um abraço

3:35 da tarde  

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