Não é para aqui chamada a querela em torno da evocação do regicídio. No entanto, as leituras que fiz a esse popósito, trouxeram-me à memória um jogo de roda dos muitos que a mocidade dançava em dia de Páscoa. Diz assim o texto, que pouco tem de ancestral:
Refrão:
As papoilas encarnadas
A brilhar entre os trigais
São tão lindas delicadas
como as rosas nos rosais.
Viva a alegria
Dançar, dançar
Dançar de roda
Com o seu par.
Quatro com cinco são nove,
Meu amor já sei contar
Engaste-me uma vez
Não me tornas a enganar.
Refrão
Um, dois, três
quatro, cinco, seis,
Sete, oito, nove,
Para doze só faltam três.
Para doze só faltam três,
Ó Micas dá cá um beijo
João Franco foi ao Porto
Só para ver o colégio.
Só para ver o colégio
Das botinhas amarelas
Tem cuidado João Franco
Senão quebro-te as costelas!
Ora aqui está e peço ajuda a quem de boa vontade!
Que João Franco foi ao Porto em Junho de 1907 é verdade - e no regresso a Lisboa foi recebido na estação do Rossio com uma manifestação de republicanos e descontentes liberais monárquicos.
Que a última estrofe do poema é uma ameaça clara a João Franco não há dúvia.
Que essa estrofe foi metida, a talhe de foice, numa cantiga popular também não há dúvida.
Mas...
Que colégio é esse das "botinhas amarelas" no Porto?
A minha gratidão serão as alvíssaras que pagarei a quem puder ajudar-me!
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